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terça-feira, 23 de novembro de 2021

O que é não binariedade?

 



Olá care leitore, se você é novate por aqui, sugiro que comece sua leitura pelo texto no link abaixo.

Identidade de gênero, sexualidade e expressão de gênero 

Supondo que seja veterane das leituras ou que tenha clicado no link acima e lido o texto, podemos continuar.

sexta-feira, 11 de junho de 2021

Transição, quando começa e quando acaba?

 


A transição de adequação de gênero ocorre quando uma pessoa se dá conta de que não pertence ao gênero ao qual foi designada e então decide transicionar para o gênero que lhe corresponde.

domingo, 9 de maio de 2021

Revolução Não-binária


 

Olá querides leitories!

Como sabemos as identidades não-binárias e a linguagem neutra são alvos de ódio de reacionários e apoiadores desse governo fascista. A direita e a ultra direita levantam argumentos absurdos e até patéticos para expelirem o ódio e o preconceito que possuem, claro, imagine se pessoas não-binárias tomarem conta de papeis sociopolíticos de grande visibilidade nesse país. A ótica mudaria com certeza.

sexta-feira, 7 de maio de 2021

Gênero fluido, como lidar com elus?

 


Olá queride leitore!

Decidi começar esse texto bem do início, para que fique o mais claro possível para quem o ler, e mesmo que não seja uma pessoa lgbtqiap+, a minha intenção é que termine a leitura com uma compreensão desejável sobre o tema.

sábado, 27 de março de 2021

Tudo bem não estar pronte

 





Este texto é dedicado à todas as pessoas que por qualquer motivo que seja, não puderam, não conseguiram, não pode, não consegue (ainda) sair do armário.

Essa expressão é muito usada dentro e fora da comunidade LGBTQIAP+, ela já foi jocosa, mas hoje encaramos com naturalidade, e até fazemos brincadeiras com ela.
Sair do armário significa revelar-se uma pessoa LGBTQIAP+, assumir-se.

sexta-feira, 12 de março de 2021

quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

Inclusão do nome social X Retificação da certidão

 


Bem, antes de começar o texto que realmente importa, quero explicar o porquê de produzi-lo. Eu usava nome social desde 2014, porém, nunca havia oficializado nada em documentos, a primeira vez que isso aconteceu foi quando fiz minha carteirinha do SUS para participar do programa de atendimento trans. Daí pra frente, nasceu a enorme necessidade de torná-lo oficial.

Agora vamos ao que interessa.

sábado, 28 de novembro de 2020

Como lidar com não-bináries?



Se esta é a primeira postagem sobre não-bináries que você lê nesse blog, talvez seja melhor começar pelas anteriores, depois volte aqui sem problemas. Mas se quiser prosseguir, sem problemas também.

segunda-feira, 26 de outubro de 2020

Identidade de gênero, sexualidade e expressão de gênero


Tenho conversado com muitas pessoas que ainda estranham esses (e outros) conceitos. Não acho absurdo que isso aconteça, primeiro que ninguém é obrigade a conhecer todo o espectro de gênero, nem possuir todas as informações, e depois, nosso país é demasiadamente desinformado e tradicionalista, então tudo o que foge da norma imposta é ignorado propositalmente pelas mídias, quando não é atacado.

Bem, tentarei lançar uma luz sobre esses temas, espero que consiga ser sucinta e clara o suficiente. ^^

domingo, 18 de outubro de 2020

Transfobia no trabalho

 


Antes de começar, quero dizer que apesar desse tema ser recorrente, as experiências aqui relatadas foram vividas por mim, e é com muito pesar que digo que não sou só um caso isolado, mas que esse tipo de coisa acontece com muita frequência.

sábado, 17 de outubro de 2020

A história de Trixie

 


Com o objetivo de auxiliar no processo pedagógico de respeito às diferenças sociais de classe, diversidade, religião, cultura e linguagem; Unificando nossa singularidade com nossa coletividade, a proposta se baseia em uma contação de histórias na qual de forma lúdica as diferenças entre um sujeito e outro é retratada por Trixie que vive em um mundo Cinza, porém não se identifica com aquele mundo e guarda consigo um segredo, de um universo completamente colorido.

Seus colegas ao descobrirem, se chocam pois era inadmissível que alguém pudesse gostar de uma cor. Nem sempre o mundo foi cinza daquela forma. Há anos, o cinza e o colorido se encontravam em perfeita harmonia, o sol e a lua se mostravam nas mais intensas cores, o céu era perfeitamente azul, até que um belo dia se transformou em tristeza e desumanidade. Um rei invadiu e decidiu que, a partir daquele momento, tudo seria cinza. E foi nesse mundo que Cinzelão cresceu. Quando seu segredo mais íntimo foi descoberto e transformado em chacota, ela se lembra de sua avó, que lutou bravamente para que tudo tivesse sido diferente. E junto da lembrança, procura um livro que sua avó havia deixado de recordação para que (nome) nunca se esquecesse de onde veio. E é através desse livro que algo mágico acontece, ela consegue realizar o seu segredo, de um mundo colorido e divertido. Mas ela vai perceber que nem tudo é como parece ser neste mundo que está prestes a conhecer, todas as pessoas, em todos os momentos de suas vidas não param de sorrir. 

E é nessa aventura por trás de seu segredo, que ela descobrirá que não é feliz em nenhum dos dois mundos, e que na verdade, é necessário um equilíbrio nas cores, ninguém precisa ser um rei horrível como foi Cinzelão, mas também não é agradável estampar um sorriso o tempo todo, mesmo não sendo sua vontade.

(Texto de Letícia Pereira)


Eu assisti ao espetáculo e adorei. Não consigo encontrar palavras para resumir o quão magnífica é essa obra. Artistas empenhados, talentoses e muito, mas muito didátiques. Foram minutos que me fizeram refletir por quase uma eternidade. Trabalhos como esse, deveriam ser comuns na educação infantil, onde se mostra o valor das pessoas e o equilíbrio necessário para se viver em sociedade.

Eu super indico o trabalho da dupla e sugiro que sigam-na no instagram para que tenham acesso a outros trabalhos magníficos.
E deixarei também o link do vídeo. ^^

@leticia.pereira_cristal e @gerda_mueller

Bom entretenimento! ^^ Beijos da Pri!!!^^

terça-feira, 13 de outubro de 2020

Passabilidade

 Esse termo é um verdadeiro fantasma que assola e oprime a comunidade trans e não-binária. Passabilidade é a característica atribuída a uma pessoa trans que se parece muito com a imagem idealizada de uma pessoa do gênero ao qual ela se identifica. 

quinta-feira, 8 de outubro de 2020

Linguagem neutra

 Olá amades! Hoje vou falar sobre um assunto que está na crista da onda; a linguagem neutra, ou neolinguagem ou ainda linguagem inclusiva.

Bem, o que é essa linguagem neutra afinal? Trata-se de uma proposta de inclusão igualitária em nossa língua tanto falada quanto escrita. O debate não é recente, já perdura há bastante tempo, desde que grupos de mulheres se sentiam incomodadas por serem tratadas no masculino quando dividiam um ambiente com um ou mais homens. Sim, a língua portuguesa é propicia a enaltecer a figura masculina e invisibilizar a figura feminina. Foi denominado pronome neutro a forma masculina, ou seja, não existe neutralidade, o que existe é uma organização tendenciosa muito bem estruturada.

A linguagem neutra é uma proposta que visa a inclusão dos grupos femininos que se incomodam com essas heranças patriarcais, das pessoas não bináries e de pessoas com diversidades funcionais. Durante algum tempo surgiram propostas para neutralizar as formas de tratamento com o uso de "x" ou "@" substituindo vogais indispensáveis para a compreensão da palavra. Porém, esse uso é contestado. Primeiro porque não representa de fato uma neutralidade, esse uso de caracteres acaba excluindo as identidades que são sobrepujadas pela falsa neutralidade de nosso idioma. Além do mais, pessoas com baixa visão e que dependem de aparelhos leitores, sofrem para identificar essa escrita, pois, o software não reconhece esse padrão linguístico, sem falar nas pessoas disléxicas que encontram extrema dificuldade em se concentrar numa palavra impronunciável. 

A linguagem neutra foi construída por especialistas em linguística como uma alternativa para esse e outros problemas. Pessoas não bináries, por exemplo, não se sentem representadas por "Elx" e "delx", esse x acaba negando nossa existência ao invés de lançar sobre nós uma luz. A discussão do momento é acalorada e muitas pessoas criticam a implementação do uso da neolinguagem por dizerem que vai acabar com o português, que é difícil ou que é modinha. Essas criticas são infundadas e são contraditórias, pois, as mesmas pessoas que dizem isso, utilizam o internetês, sem se preocupar com a estrutura do idioma, sem pensar na dificuldade de compreensão e certamente não aprendeu na escola, ou seja, segue uma tendência, ou uma modinha. ^^

Se pararmos para refletir a respeito do debate a esse respeito, notaremos que trata-se de uma disputa de poder. É um discurso ardiloso construído por uma base ideológica muito bem posicionada; as pessoas integralistas e "tradicionalistas".

Quando usamos abreviações como: tmj, mlk, omg, tnk, ctz, obg, vlw, blz, na internet, não somos questionades a esse respeito, não é visto como uma afronta à língua, não é visto como modinha, frescura ou ideologia.... Mas será que não é mesmo? Na verdade, a relação de poder se dá no choque de culturas onde de um lado temos as pessoas reacionárias e do outro o grupo que propõe essa mudança. Claro que tudo seria mais fácil de aceitar, se a proposta não viesse de um grupo transgênero.

Nós não bináreis, encontramos forte resistências nos espaços e esferas sociais, e quando uma proposta promovida por e para nós toma conta dos meios de comunicação, essa classe especifica de pessoas supremacistas, vê-se no direito de lançar contra a proposta injurias e argumentos rancorosos, contaminando assim uma discussão saudável e pacífica. É interessante notar que em momento algum, a proposta foi lançada com o intuito de substituir a língua portuguesa, até agora, toda a discussão baseia-se na apresentação dessa proposta como meio alternativo de comunicação. 

Vale lembrar que não existe só uma maneira de aplicar a linguagem neutra. Podemos praticar o uso do idioma para substituir palavras que evidenciam o gênero das pessoas e tratar a todes de forma neutra, por exemplo, ao invés de dizer "Você está lindo/linda", você pode dizer "Você está linde", ou ainda pode dizer "Você está deslumbrante". Percebe? Se você é daquelas pessoas que se apega ao padrão binário linguístico, saiba que não precisa abrir mão dele para aplicar a linguagem neutra em seu cotidiano, é uma questão de empatia e prática.

O que está causando todo esse alvoroço ao redor da internet é o fato de que pessoas trans estão apresentando a proposta, e não digo isso como forma de vitimismo, muito ao contrário, estou evidenciando uma relação bruta de poder e demonstrando resistência. 

O uso da linguagem neutra é a forma mais inclusiva encontrada por especialistas em linguagens para que possamos alcançar a igualdade linguística. Isso não quer dizer que ela é perfeita, longe disso. Também não quer dizer que o idioma oficial vai mudar por conta disso, na minha opinião específica, deveria, mas não vai. No fundo, trata-se apenas de uma forma de comunicação que pode ser facilmente assimilada se os discursos ideológicos forem colocados de lado.

Algumas pessoas criticam a discussão sobre essa pauta dizendo que existem coisas mais importantes para serem discutidas. Nós somos seres pensantes, podemos discutir diversos assuntos, não é? Uma discussão não impede que outras aconteçam em outros lugares, em outros meios de comunicação, em outros grupos... Falar de linguagem neutra é falar sobre a questão de gêneros e inclusão, algo que sempre foi problemático no Brasil. Nossa inclusão se parece mais com uma integração, uma separação ou até mesmo uma exclusão. Quando falamos de igualar as importâncias de todos os grupos, atingimos o ponto fraco de pessoas tradicionalistas/integralistas e essa classe não aceita ser contestada. 

Essa que é a grande verdade por trás da discussão a esse respeito. Tudo se trata de relações de poder e de quem está propondo a discussão. 

Beijos da Pri ^^!!! 

sexta-feira, 2 de outubro de 2020

Hormonização

 Bem, esse é um texto bastante particular. Vou relatar um pouco da minha trajetória e minhas dificuldades em relação a esse processo. Lembrem-se, essa é minha vivência, minha experiência, não é igual para todes.

A hormonização é um processo medicamentoso que visa adequar os hormônios do corpo de uma pessoa, para que fisicamente aconteçam mudanças desejadas ou esperadas pela pessoa em questão. Muitas mulheres e homens trans e travestis optam pela hormonização visando uma maior passabilidade. Mas o que isso, passabilidade?

Passabilidade é um termo utilizado para definir se uma pessoa possui os aspectos físicos socialmente esperados para uma pessoa de determinado gênero (nesse caso, homem ou mulher). Ou seja, se ela se parece exatamente com a imagem que a sociedade tem de homem ou mulher. A passabilidade não é uma obrigação, é um direito e um desejo da pessoa trans, porém, a sociedade e até mesmo algumas pessoas dentro da comunidade LGBTQPIA+ exigem que a pessoa transgênero tenha passabilidade. 

Isso é bem complicado, pois, o fato da pessoa não ser passável, gera inúmeros desconfortos em sua vida, além do mais, inevitavelmente ela estará exposta a perigos que sabemos que existe. Isso não deveria acontecer, essa imposição da passabilidade, mas acontece e precisa ser desconstruída. 

Nem todas as pessoas trans desejam ser passáveis, cada uma tem seus desejos, anseios e necessidades, e ainda há pessoas não-bináries que muito comumente não se importam tanto com a forma que seus corpos têm. 

Bem, voltando... A hormonização é um processo químico vitalício, ou seja, uma vez iniciado é para sempre. Obviamente, existem casos em que a pessoa por algum motivo, seja clínico, ou financeiro, ou de qualquer outra natureza, precisa interromper esse procedimento. E o que acontece? Bem, até onde vão meus conhecimentos sobre isso, sei que pode ou não haver uma reversão de alguns aspectos, claro que tudo acontece de forma lenta, e outros aspectos, uma vez desenvolvidos, são permanentes. Então, é preciso pensar muito bem a respeito da hormonização e nunca, jamais, em hipótese alguma, optar por um procedimento sem acompanhamento de um profissional da saúde.

Durante os primeiros meses da hormonização acontece um milhão de coisas. Por isso é importante ter acompanhamento médico. Muitas mudanças são perceptíveis por nós mesmes, outras não, só são detectadas através de exames e ignorar esse cuidado extremamente necessário, pode causar sérios problemas de saúde e até uma fatalidade.

Estou no início da minha hormonização. Logo nas primeiras semanas fui tomada por uma neura terrível, chorava sozinha, pensava a respeito das mudanças lentas e de como iria me apresentar para as pessoas, como iria fazer para me "assumir" para as pessoas que já conheço e como faria para mudar a imagem que já possuem de mim, um verdadeiro turbilhão girava na minha cabeça, foi tão intenso que desisti. Joguei os medicamentos fora, me senti arrependida de ter começado e pensava em assumir uma postura cisheteronormativa. Era mais fácil, não daria muito trabalho, não para lidar com a sociedade, entende? Mas em meu intimo, estava magoada comigo mesma, e não sabia o motivo real. Acontece que depois de muitíssima reflexão, eu decidi retornar à hormonização, mas dessa vez, com toda certeza do mundo.

Antes dessa pausa eu tinha um corpo imaginário que desejava conseguir, hoje não. Não tenho muitas expectativas, prefiro pensar nesse processo como uma longa jornada. Um desafio para mim mesma, como tentar escalar o Everest, até onde conseguir chegar está ótimo. Mas entenda que isso não veio do nada. Tive de ser sincera comigo mesma, tive de avaliar meus medos e meus preconceitos, tive de pesar as relações que tenho com amigos, familiares, colegas de trabalho e etc. Não é um processo fácil, não é rápido, mas está sendo muito satisfatório. Eu exclui da minha lista de contatos muitas pessoas que se mostraram avessas a minha transição, desconectei-me de inúmeros familiares e me aproximei de pessoas com mais empatia, é importante ter essa percepção. Sabe, durante muito tempo fiquei preocupada com a questão familiar, porém, depois entendi que família não são as pessoas que possuem o mesmo tipo sanguíneo, que compartilham do seu DNA, mas sim pessoas que te apoiam, que te amam, que torcem por você e que nunca te abandonam, ter seu sangue até mosquito tem. Amigues, você escolhe, acredite. Não tem motivos para você manter uma amizade tóxica, que só te faz sofrer, que te reduz, que te impede de ir em frente... Escolha suas amizades.

Bem, e por que eu optei pela hormonização se me identifico como uma pessoa não-binárie? Então, como disse mais acima, pessoas não-bináries, de um modo geral, não possuem um padrão definido de corpo atrelado ao gênero, nós não-bináries temos desejos e expectativas em relação aos nossos corpos, no entanto, eles não correspondem ao padrão cisnormativo. Sim, isso quer dizer que há possibilidade de você conhecer uma pessoa não-binárie com nome feminino e que use pronomes femininos, mas que possua barba, ou uma pessoa que se use os pronomes masculinos, mas que possui características ditas femininas. Gênero não tem a ver com corpo, nem com sexualidade, é importante esclarecer isso. Então, percebendo que meu corpo de nascimento não me agradava, decidi me hormonizar.

Eu me sinto bem quando uso e quando usam comigo, pronomes neutros e femininos, e quero desenvolver características físicas com as quais não nasci, mas sem predefinição. No meu caso específico, sei que por conta da idade, muitas características que eu desejava, não serão alcançadas, mas como disse, não me apego mais a isso, se vier, maravilha, se não vier está tudo bem. E ainda falando sobre meu caso específico, quero fazer uma cirurgia para diminuir a cartilagem da traqueia, mas isso é um capricho estético meu.

Seria muito hipócrita da minha parte se dissesse que estou feliz com meu aspecto atual, não estou. Por conta disso, estou sempre experimentando processos estéticos, enaltecendo minha vaidade e mudando minha aparência, ainda não achei meu rosto ideal, mas sigo tentando. Uma coisa que percebi foi a relação que tenho com meu cabelo, fico muito triste quando por algum motivo não consigo ir ao salão fazer aquele retoque básico. Mas isso não tem a ver com a hormonização em si, isso é um desejo pessoal, é uma necessidade de foro intimo.

Existem tantas regras impostas na sociedade, que as pessoas acabam nem vivendo suas vidas com medo de retaliação, ou isolamento, ou coisa pior. Nós vivemos acovardades sob as regras de uma sociedade hipócrita e mesquinha, que institui padrões o tempo todo e nos obriga a seguí-los sem se importar com o que realmente desejamos, a todo momento são criadas pseudonecessidades e despejadas sobre nós, e nós, complacentes, aceitamos tudo. Por muito tempo... Mas agora não dá mais. Eu tenho uma forte convicção de que precisamos viver nossas vidas do jeito que queremos, sem fantasiar, sem se esconder e sem represálias. Claro que não vivemos num conto de fadas e para conseguir isso, precisamos suar mais que as pessoas conformistas. Temos barreiras monumentais pela frente, mas precisamos entender imediatamente, que não estamos sozinhes, unides podemos transpor essas barreiras, devagar, com consciência, com segurança e com muita solidez.

Quando eu falo sobre enfrentar os padrões sociais, não estou estimulando as pessoas a saírem nas ruas afrontando toda forma de opressão, sozinhe, de peito aberto e sem calcular as consequências. Mas não podemos nos acovardar. Existem mecanismos que podemos usar em nosso cotidiano para mostrar para as pessoas que existem outras realidades e que elas devem ser respeitadas. Cada ume precisa lutar, fazer sua parte, mas não queremos que ninguém arrisque sua vida de forma displicente, né?

Antes de começar a hormonização, eu já cuidava dos meus cabelos, esporadicamente ia para a escola com as unhas pintadas de cores bem marcantes como : vermelho, prata, rosa e branca. E isso gerava muitos questionamentos e comentários, mas eu não me importava com isso não. O que mais me chateia na escola, é a definição estrutural de deveres e direitos masculinos e femininos, acho isso um absurdo. E inúmeras vezes briguei por conta disso, apresentando ideias que rompiam esses preconceitos, mas nunca foram colocadas em prática, afinal, as diretoras com quem trabalhei, apesar de serem boas profissionais, nesse aspecto são muito retrógradas. 

Bem, mas por que estou falando essas coisas? Para que vocês tenham noção que a transição não se inicia na hormonização. Ela inicia no momento em que você passa a questionar seu gênero. E a partir desse momento, o caminho rumo a sua ascensão está posto à sua frente. Alguns caminhos são mais curtos e mais rápidos, outros não. Mas isso não é uma corrida, não existe um tempo limite para se fazer esse caminho, até porque ele só acaba quando você morre. Então, não precisa se desesperar, não precisa se chatear porque os resultados estão demorando e tal. Tudo ao seu tempo e sempre supervisionado por sue médique.

Antes que perguntem... Não vou colocar a lista de medicamentos que tomo em minha hormonização, justamente para não incentivar uma medicação por conta própria. Cada caso é único e deve ser analisado por uma pessoa especialista no assunto. Ah, antes que eu me esqueça, eu faço todo o acompanhamento pelo SUS, então não precisa ficar desesperade com a questão financeira. 

Peço desculpas pelos pensamentos aleatórios que surgiram no meio do texto, mas minha cabeça é assim, toda bagunçada. rsrsrs

Biejos da Pri ^^!!!

terça-feira, 29 de setembro de 2020

She-ra e as princesas do poder

 


Que esse desenho é maravilhoso, isso todo mundo já sabe. 

A internet está cheia de postagens sobre She-ra, diversos blogs, sites e canais de vídeo abordaram o tema, cada ume a sua maneira. Eu, nesse post, vou deixar minhas impressões sobre o desenho, o que eu gostei, o que não gostei e comentários particulares. Não estou aqui para dizer algo certo ou errado, é só minha opinião, meu ponto de vista e minhas sensações a respeito da obra.

Para começar quero apontar o fato de que Noelle Stevenson, a criadora, abordou diversos temas muito complexos num único universo e o fez com maestria. A DreamWorks produziu a animação, e sinceramente, durante muito tempo fiquei com medo que a série fosse cancelada por tratar de temas relacionados à aceitação de modo geral. Esse medo foi gerado depois de ver a Netflix ceder à pressão religiosa e cancelar Super Drags, e não apostar num público fora dos padrões e cancelar Sense8. Bem, mas a DreamWorks estava em dívida conosco desde Avatar: a lenda de Korra, sim, pois durante toda a série ficou evidente que a relação de Asami e Korra era bem mais que amizade, porém, no momento crucial, onde deveria nos ser entregue o mais belo presente, que seria a concretização desse relacionamento, a DW nos privou disso.

Não sei se as reclamações dos fãs surtiram algum efeito, ou se o sucesso imediato de She-ra teve algo a ver com isso, o fato é que a DW prosseguiu com a produção até o final e não interferiu na obra da Noelle. Tudo foi produzido como a criadora desejou e ficou muito bom, não era para menos.

Bem, mas do que é que fala esse desenho afinal? Cada pessoa que assistir à série vai captar determinadas mensagens ali, mas para mim, o desenho fala de amizade, de amor, de superação, de aceitação das diferenças, de conflitos éticos, de propagar a paz e combater os males que invalidam a vivência das pessoas, tudo isso de maneira lúdica e divertida.

Vemos a diversidade nas próprias personagens. Tem pessoas pretas, gordas, crianças, autista, transgêneros, não-binários e de diversas sexualidades. Acho muito interessante o fato de todas as mensagens serem passadas através de metáforas (bem, até certo ponto) e que no final, essas metáforas se auto explicam. As maiores metáforas para mim são apresentadas através das personagens Arqueiro e She-ra/Adora. 

Há um episódio em que o Arqueiro vai visitar os pais (sim, dois pais e os três são pretos ^^) e ele pede para a Cintilante que o ajude a inventar uma história a respeito de sua vida, pois, ele quer que os pais pensem que, assim como eles, ele tenha se tornado um historiador/arqueólogo, mas ele se tornou algo bem diferente, um guerreiro revolucionário. Quando os pais descobrem, ele chora e confessa a eles, explicando que mentiu para que eles não se chateassem, não ficassem envergonhados ou bravos... E aí eles dizem que o aceitam como ele é, sendo quem ele é. Uma nítida metáfora para as pessoas que se trancam no armário (não se revelam LGBTQPIA+) por medo de aceitação, violência, abandono, solidão etc. É meio que um recado para todes, pais/mães e filhes que vivem nessa condição. Sair do armário, nem sempre é ruim, claro que não é fácil e cada caso é um caso, mas as vezes projetamos nossos medos sobre nossa realidade, vivemos o medo e não nossas vidas. 

A metáfora da Adora/She-ra é um pouco mais longa e fragmentada, pois envolve vários episódios. Mas o resumo é seguinte: Adora tem uma carga profética sobre os ombros e devido a isso, atitudes, pensamentos, comportamentos e resultados são esperados dela. Durante muitos momentos ela é questionada e comparada com a She-ra anterior, porém, ela acaba percebendo que ela não é como a anterior, ela é diferente e sempre será, e nunca deve ser igual a ninguém, porque sua existência, suas experiências são únicas, e é esse conjunto de experiências que sintetizam sua persona. Ou seja, outra metáfora sobre aceitação. Muitas vezes, nós (independente de sexualidade, ou qualquer categoria que exista para definir grupos sociais) nos punimos com esse martírio. Nos comparamos com outras pessoas, pesamos nossos feitos e elevamos a importância dos feitos alheios enquanto invalidamos os nossos, isso tudo por não nos conhecer, não nos aceitarmos, não compreendermos que cada ser humano é único e como tal, possuirá conjuntos únicos de experiências durante toda sua vida. E todas as vidas são importantes, todas as vivências são válidas e maravilhosas. Só para estender um pouquinho esse assunto, vejo na She-ra o conceito de "super homem" criado por Nietzsche. A Adora deixa seu estado humano para trás e assume uma postura elevada, com muita humildade, amor, carisma, mas superior ao estado natural de ser humano.

As princesas, são todas guerreiras, mas nenhuma delas possui a mesma personalidade. Esse fato é facilmente percebido, e enriquece demais o desenho. Porque não é uma superficialidade criada para distinguir uma personagem que entra em cena, ao contrário, a personagem entra em cena porque possui esse diferencial, e elas carregam isso impresso em seu semblante, em suas palavras, ações e relações.

Um lance que gosto muito, é o fato da Entrapta ser autista e não ser dependente das outras. Isso significou para mim, que a criadora quis dizer que não importa se você tem uma síndrome (depende do grau da síndrome, óbvio), você pode viver sua vida de forma digna e independente. Bem no final, a Serena se irrita com a Entrapta e dá um choque de realidade nela, dizendo que ninguém é obrigado a aceitar tudo o que ela faz, e que nem tudo tem que ser feito do jeito dela. Bem, isso é verdade. Existe aqui muito pormenores, mas no caso da maga tecnológica, o autismo dela é leve, e não é pelo fato dela ser autista que ela pode fazer o que bem quiser com as pessoas, tratá-las da forma que quiser e fingir que o mundo todo gira ao seu redor, afinal, ela convive com outras pessoas. Entendam aqui, que o que a Serena quer dizer é que a Entrapta tem condições de entender as pessoas ao seu redor e interagir melhor com elas, no entanto, ela ignora-as por livre e espontânea vontade, mesmo quando precisa delas.

Noelle disse numa entrevista que todas suas personagens são gays até que se prove o contrário, bem, desnecessário dizer o quanto isso é lindo, né? Por quê? Porque quebra a lógica heteronormativa. Quando você pede para uma pessoa imaginar um casal, geralmente elas imaginam um casal hétero e cisgênero. E com essa afirmação, a Noelle rompe com essa imposição sistêmica.

Double Trouble é uma das minhas personagens favoritas. Acho que é bem óbvio né? A personagem é não-binária, possui um poder de transmutação, mas não é esse poder que molda sua personalidade, muito ao contrário. O poder de transmutação acaba auxiliando sua personalidade e sua condição não-binárie, pois, elu não precisa ficar presa numa forma. Não que a forma seja importante para uma pessoa não-binárie, mas no caso específico de Double Trouble, elu usa essa mudança de forma para fluir por sua personalidade, sexualidade e existência. É um bônus que elu recebeu. ^^

Bem, vocês me matariam se não falasse da Felina, né? rsrsrs 

Eu gosto demais dessa personagem. Desde o início eu percebi algo muito íntimo irradiando da dupla Adora e Felina, no entanto, no começo da série, cheguei a pensar que fosse algum sentimento de irmandade, pelo fato de ambas crescerem juntas e serem meio que cúmplices e parceiras de combate. Mas no decorrer da série, notei que o sentimento de perda da Felina era muito mais propenso a uma perda romântica que familiar, e aí fui catando caquinhos e arrisquei numa paixão secreta. Percebe-se desde o início que Adora gosta muito dela, mas não demonstra esse sentimento romântico com clareza, não que eu tenha percebido, mas a preocupação que a Adora tem pelo bem-estar da rival é admirável, e isso me confundiu diversas vezes na série, mas aí no final épico 😍 tudo fica muito claro. A cena da declaração foi linda, não pelas palavras, não pelo momento em si, mas por conta da construção, lenta e bem arquitetada que a série montou e nos apresentou, de certa forma, nós esperávamos aquilo, mas a Noelle e DW fez com que nos parecesse surpresa, é simplesmente demais.

O que eu não gostei foi o fato de algumas personagens serem pouco trabalhadas, as personalidades pouco aprofundadas e limitar a trama às princesas. Eu sei que se fossem dar maior visibilidade para todas as personagens a série ficaria gigante, e esse talvez tenha sido o medo da DreamWorks, alongar a série, perder público e a Netflix cancelar. A Noelle produz Histórias em Quadrinhos de She-ra, não tenho conhecimento de nenhuma edição em português, mas seria maravilhoso se tivesse. Outro ponto negativo achei na série é que a única personagem idosa com relativa importância no seriado, tem uma personalidade esquizofrênica, e perturbada. Por um lado, é legal, uma personagem com outro olhar das coisas e sendo importante, mas por outro lado, a imagem do idoso, ao menos para nós aqui no Brasil, é de alguém, chato, confuso, reclamão, e que se torna rapidamente um fardo, justamente por conta dessas características. Talvez isso seja uma percepção somente minha, por estar próxima de pessoas idosas que recebem esse tipo de tratamento, mas sei lá, isso me incomodou. Outro fato foi a ausência de uma protagonista surda ou cega, poxa, tinha tanta representatividade ali, cabia mais uma. Tá, tá, tudo bem, não é uma crítica à Noelle ou a DW, mas senti falta e acho que seria muito maneiro se tivesse uma princesa surda ou cega. A série fica menos maravilhosa por isso? De forma alguma, não podemos exigir que uma artista aborde todos os temas do mundo e represente todas as pessoas do planeta, mas acredito, que em obras futuras dela, algo do gênero irá a parecer.  

Além desses pontos, a série traz outros temas, como: arrependimento, autopiedade, sofrimento pela perda de entes queridos, exploração por conta da tirania, religiosidade e esperança. É uma série da qual eu poderia falar pelo resto da vida, e o farei, mas não tudo de uma vez, né? 

Espero que tenham gostado e caso tenham uma visão diferente da minha sobre qualquer aspecto, não hesitem em comentar.

Beijos da Pri! ^^


#vivaoamor #diversidade #naobinarie 

quinta-feira, 24 de setembro de 2020

Não binários / Não bináries

 


Com certeza já viu em algum perfil de rede social a definição de gênero Não-binário/Não-binárie. Mas afinal que termo é esse que vem se popularizando tanto?

Todo nosso mundo, nossa compreensão de realidade, a estrutura social, as definições que aprendemos e estabelecemos sempre esteve pautada numa lógica binária, como: Noite-Dia, Alto-Baixo, Claro-Escuro, Rico-Pobre, Home-Mulher, Bom-Ruim, Bonito-Feio e etc...

O problema é que este é apenas um recorte muito específico da realidade. Se você filmar uma lâmpada acender ou apagar e depois assistir em super câmera lenta, verá uma incontável quantidade de tons entre uma extremidade ao outro do espetro de luz. Entre o dia e a noite há vários tons de luz, há muitos minutos, segundos, centésimos de segundos, milésimos de segundos, milionésimos de segundos e assim por diante. Entre um centímetro e um metro há infinitas medidas possíveis.

O universo todo funciona de forma caótica e fluida. Nada na natureza é cem por cento mensurável. Não poderia ser diferente com seres humanos.

As pessoas que se definem como não-bináries, são pessoas que quebram a lógica da bináriedade. Ou seja, são pessoas que não podem ser classificadas como homem ou mulher simplesmente. A comunidade NB (ENEBE ou Não-binárie) está conseguindo muita visibilidade nos últimos anos, as redes sociais foram fundamentais para esse avanço, visto que a partir do momento que eu vejo ume igual, sei que não estou isolade e posso procurar outres.

Não-bináries não são todes iguais, cada vivência é única e deve ser reconhecida e respeitada. Existem algumas identidades Não-bináries que são vistas com mais frequência, como: Gênero Fluído, Agênero, Andrógine, Gênero-estrela, Neutrois, Bigênero, Trigênero, Poligênero e Pangênero, todas essas identidades (e outras mais) possuem suas particularidades e somente essas pessoas podem definir suas identidades, ninguém mais.

Sim, é isso mesmo que você entendeu. Entre Homem e Mulher (partindo da ideia de que esses dois gêneros são extremamente opostos) existem muitas outras identidades de gênero. As pessoas não-bináries não se identificam com o gênero que lhe atribuíram ao nascimento, não totalmente, algumas possuem identificação com o gênero de nascença e mais um ou vários outros. No geral, uma pessoa NB não se reconhece no gênero que lhe foi atribuído, e buscando sua identidade, acaba se vendo distante do espectro de gênero binário, está numa coloração mais fluida, sem definição, e isso não é ruim, ao contrário, é maravilhoso.

Geralmente não-bináries utilizam pronomes neutros quando falam de si e esperam que as outras pessoas façam o mesmo. Não é frescura, não é modinha, é só empatia mesmo.

Quando você lidar com uma pessoa não-binárie, não se apegue ao nome ou a aparência física dessa pessoa. Caso esteja iniciando sua relação ou conversa casual mesmo, pergunte como a pessoa gosta de ser chamada, que pronomes usa para si, isso é muito gentil e bonito da sua parte, sabe? Muitas pessoas estão presas no espectro binário e quando veem uma pessoa de bigode e barba, assumem que essa pessoa seja um homem, o que nem sempre é verdade. Daqui para frente, as pessoas não-bináries serão cada vez mais comuns em ambientes coletivos, então, para não cometer transfobia ou acabar magoando alguém, atualize-se sobre o assunto.

Pessoas não-bináries podem ter qualquer configuração de corpo, qualquer sexualidade e qualquer forma de identificação. Quando lidar com uma pessoa não-binárie, pergunte o que não sabe, nunca faça inferências, jamais. Sua realidade não é universal e nem é a única certa.

Algumas pessoas NB, como as de gênero fluído, bigênero etc, requerem um pouco de paciência e empatia a mais. Pois, nem sempre a forma de tratamento é fixa, pode mudar de acordo com o que a pessoa sente, pois, sua identidade de gênero é mutável ou múltipla, e não cabe a você julgar, mas respeitar sim, isso cabe a você.

Então, só para finalizar, Não-Bináries são pessoas como todas as outras, a única coisa que muda é que elas possuem gêneros diferentes daqueles que estamos acostumados a ver como normais, alias, normal não existe. Existe um senso COMUM, mas isso não determina o certo e errado, nem tão pouco o que é normal. Quando lidar com NBs lembre-se sempre de ver esta pessoa exatamente como ela se identificar, nunca projete sobre ela as sua compreensão de gênero, pois, além de ser desrespeitoso e antipático, ainda fará com que você jamais compreenda a pessoa. Todes somos úniques, não existe normalidade, e lembre-se, a realidade é um espelho quebrado em milhões de fragmentos. O universo não funciona numa lógica binária, e pessoas não-bináries, sofrem grandes preconceitos, mesmo dentro da comunidade LGBTQIPA+, então, não seja mais uma pessoa babaca que apoia a repressão, faça a diferença, apoie a empatia e o respeito, apoie o amor e a igualdade!

Beijos da Pri!!!


PS: Se você tem dúvidas de como se comunicar com não-bináries, use o guia da neolinguagem. Vou deixar o link aqui.

Guia para linguagem neutra

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