Nos últimos anos temos visto grande movimentação nas redes sociais a respeito de gênero e linguagem neutra, e seus desdobramentos.
Gênero neutro é uma percepção e autodeclaração
de um indivíduo que não se conecta com os gêneros propostos na construção
binária do ser, e obviamente, essa pessoa não se sente representada na língua
portuguesa, justamente por ela ser configurada de forma binária.
Devido a essa necessidade de
representatividade dentro do idioma nacional, pessoas não binárias, feministas
e ativistas das diversidades propuseram um código que neutraliza o uso binário
de gênero, dessa forma todas as pessoas seriam representadas através do idioma
sem qualquer princípio básico de enaltecimento de um gênero específico.
Essa proposta encontrou muita
resistência, por parte dos políticos reacionários e seus admiradores e por parte
de uma parcela da sociedade que mantém seus preconceitos escondidos sob facetas
de desconstrução, mas quando a oportunidade aparece, revelam impiedosamente
seus ideais. Sobre esse aspecto, é interessante refletir a respeito de quem
propõe o código e de quem tenta barrá-lo. Há anos vemos o idioma mudar
cotidianamente, no entanto, como a maioria das mudanças ocorrem num âmbito binário
e sem uma bandeira específica por trás, foram prontamente aceitas e inseridas
no vocabulário comum.
Tais mudanças podem ser
percebidas quando dizemos que faremos uma call, que tal empresa trabalha com
delivery, e até mesmo adaptações surreais, como transformar whatsapp em zap-zap
ou somente zap. E tudo isso foi incorporado de maneira orgânica em nosso
idioma, sem qualquer contestação legal, vale lembrar.
A língua é uma tecnologia de
comunicação. Toda tecnologia atende ao momento presente de sua sociedade,
algumas delas atravessam o tempo mantendo uma base sólida, porém com estruturas
maleáveis para se ajustar aos novos tempos, eis o caso dos idiomas. Somente
línguas mortas não mudam. E por mais que haja resistência, o idioma português
não permanecerá imutável e binário para sempre, explicarei isso mais adiante, o
fato é que, há todo momento alguém adapta o idioma para atender a uma
necessidade específica de um grupo ou de uma comunidade ou até mesmo da
sociedade e esse é um processo irrefreável, quer queira, quer não, a língua
muda.
O que começou como uma proposta
de neutralizar gêneros no idioma já é uma realidade. Não importa o quanto a oposição
se aglomere nas redes sociais ou outras esferas, a linguagem neutra já
aconteceu, já existe, pessoas já usam termos neutros ou neutralizam textos sem
mexer com as estruturas das palavras. Todo esse estardalhaço feito pelos
ultradireitistas só demonstram uma relação de poder abusivo e o medo de perder
esse poder. Pois, se idiomaticamente pessoas não binárias são representadas, os
ideias de pureza binária ruem inexoravelmente.
Mas como disse antes, isso não é
mais uma proposta, é uma realidade. A revolução não binária já aconteceu e nós
a estamos vivendo, um passo de cada vez. Primeiro a linguagem neutra foi
inserida na comunicação informal, depois, documentos com regras específicas de
utilização e melhoramento desse código foi escrito e divulgado, posteriormente,
pessoas não binárias ganharam na justiça o direito de serem representadas em
seus documentos oficiais como pessoas de gênero neutro, pois negar que uma
pessoa se expresse como é, negar a identidade, a existência de uma pessoa é
puramente anticonstitucional. Simples assim!
Viva a revolução não binária!
Beijos da Pri! ^^
Excelente texto!
ResponderExcluirReacionários não passarão! Nós somos a revolução!
Ihhaaaa
ExcluirSomos mesmo Tina, de verdade.
Eu dou risada de alguns reacionários que acham que podem barrar a não-binariedade ou a linguagem neutra. kkkk Ai ai... Enfim.
CHUPEM, REACIONÁRIOS!
ResponderExcluirkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
ExcluirGostei do texto.
ResponderExcluirObrigada! ^^
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