Bem, como sabemos é muito comum nos meses de Junho e Julho no Brasil, comemorarmos as festas juninas e julhinas... E em algumas regiões do país leva-se à sério diversas datas religiosas que o mês de Junho possui, como por exemplo: dia de Santo Antônio e São João, não à toa ouvimos os gritos de “Viva São João!” nessas festividades.
Mas o texto não é sobre a festa
em si, mas sim sobre a estrutura social que sustenta esses eventos. Como devem
saber sou Historiadora com especializações em outras áreas e atuando muito anos
na educação, com isso torna-se impossível de não questionar determinadas
situações impostas às pessoas de maneira “natural” durante eventos como esses
sem explicar a origem dos mesmos, a função social que eles têm ou sequer as
implicações de reproduzir essas ações (festas culturais).
Poderíamos aqui abrir um debate
sobre o que é cultura, mas vou deixar isso para depois. Quando relativizamos a
cultura e em detrimento de sua preservação permitimos que estruturas sociais
nocivas se propaguem e se perpetuem, estamos fazendo um desserviço social e não
praticando cultura. Cultura nunca deve enaltecer sofrimento, dor, humilhação,
exclusão e qualquer tipo de preconceito ou atos que possam colocar a pessoa
numa situação de risco ou de degradação mental, social, biológica, financeira
e/ou emocional/psíquica.
Por que estou abordando isso e
falando sobre as festividades juninas/julhinas?
Já parou para pensar sobre o que
é a dança de quadrilha?
Fala de um pai coronelista que
força uma jovem a se casar usando a milícia que ele comanda e financia, e como
sabemos, esses grupos extremistas no Brasil nascem e crescem com dinheiro
público desviado para fins criminais como esses. Outro detalhe bem cabuloso nas
festas é a prisão aleatória de pessoas, que para serem soltas precisam pagar
propina, exatamente como acontecia na Ditadura Militar que ocorreu no Brasil
entre as décadas de 60 à 80.
Se repararem, a filha é muito
jovem e foi, digamos, molestada pelo noivo e para honrá-la o pai força ela se
casar com ele. Sim, temos aí um casamento de adolescentes ou até um caso de
pedofilia onde a vítima é obrigada a se casar e viver com seu estuprador,
aliciador etc. Sim, é isso mesmo... O castigo do estuprador é casar com a moça
que ele estuprou/molestou/aliciou etc... Será que isso é um castigo para ele ou
para ela?
Se vamos celebrar nossas
festividades precisamos antes contextualiza-las, questiona-las e
desconstrui-las, afinal, não é incomum ver nessas festas inúmeros apontamentos
machistas, racistas e intolerantes de alguma natureza.
Que tipo de cultura queremos
preservar? A que não se importa com as pessoas e que as faz de objeto, que
enaltece o abuso e violência? Que romantiza o casamento forçado, a honra masculina
e os grupos paramilitares? É isso que queremos deixar para nossos sucessores,
um legado de preconceitos e ações deletérias?
Pois bem, não só com as festas
juninas, mas todas nossas comemorações precisam ser repensadas. Vivemos um
tempo próspero, apesar de tudo, no qual é possível discutir e transformar a
sociedade tornando o mundo um lugar melhor para todes.
Vale lembrar que no Brasil não
temos festas públicas que enalteça outras religiões se não as cristãs, então
acho melhor começarmos a pensar no impacto social que isso causa para as outras
comunidades religiosas que existem no país.
Bem, por enquanto é isso.
Beijos e até a próxima! ^^
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