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terça-feira, 27 de abril de 2021

Nãobinariedade, a revolução está em curso

 





Nos últimos anos temos visto grande movimentação nas redes sociais a respeito de gênero e linguagem neutra, e seus desdobramentos.

Gênero neutro é uma percepção e autodeclaração de um indivíduo que não se conecta com os gêneros propostos na construção binária do ser, e obviamente, essa pessoa não se sente representada na língua portuguesa, justamente por ela ser configurada de forma binária.  

Devido a essa necessidade de representatividade dentro do idioma nacional, pessoas não binárias, feministas e ativistas das diversidades propuseram um código que neutraliza o uso binário de gênero, dessa forma todas as pessoas seriam representadas através do idioma sem qualquer princípio básico de enaltecimento de um gênero específico.

Essa proposta encontrou muita resistência, por parte dos políticos reacionários e seus admiradores e por parte de uma parcela da sociedade que mantém seus preconceitos escondidos sob facetas de desconstrução, mas quando a oportunidade aparece, revelam impiedosamente seus ideais. Sobre esse aspecto, é interessante refletir a respeito de quem propõe o código e de quem tenta barrá-lo. Há anos vemos o idioma mudar cotidianamente, no entanto, como a maioria das mudanças ocorrem num âmbito binário e sem uma bandeira específica por trás, foram prontamente aceitas e inseridas no vocabulário comum.

Tais mudanças podem ser percebidas quando dizemos que faremos uma call, que tal empresa trabalha com delivery, e até mesmo adaptações surreais, como transformar whatsapp em zap-zap ou somente zap. E tudo isso foi incorporado de maneira orgânica em nosso idioma, sem qualquer contestação legal, vale lembrar.

A língua é uma tecnologia de comunicação. Toda tecnologia atende ao momento presente de sua sociedade, algumas delas atravessam o tempo mantendo uma base sólida, porém com estruturas maleáveis para se ajustar aos novos tempos, eis o caso dos idiomas. Somente línguas mortas não mudam. E por mais que haja resistência, o idioma português não permanecerá imutável e binário para sempre, explicarei isso mais adiante, o fato é que, há todo momento alguém adapta o idioma para atender a uma necessidade específica de um grupo ou de uma comunidade ou até mesmo da sociedade e esse é um processo irrefreável, quer queira, quer não, a língua muda.

O que começou como uma proposta de neutralizar gêneros no idioma já é uma realidade. Não importa o quanto a oposição se aglomere nas redes sociais ou outras esferas, a linguagem neutra já aconteceu, já existe, pessoas já usam termos neutros ou neutralizam textos sem mexer com as estruturas das palavras. Todo esse estardalhaço feito pelos ultradireitistas só demonstram uma relação de poder abusivo e o medo de perder esse poder. Pois, se idiomaticamente pessoas não binárias são representadas, os ideias de pureza binária ruem inexoravelmente.

Mas como disse antes, isso não é mais uma proposta, é uma realidade. A revolução não binária já aconteceu e nós a estamos vivendo, um passo de cada vez. Primeiro a linguagem neutra foi inserida na comunicação informal, depois, documentos com regras específicas de utilização e melhoramento desse código foi escrito e divulgado, posteriormente, pessoas não binárias ganharam na justiça o direito de serem representadas em seus documentos oficiais como pessoas de gênero neutro, pois negar que uma pessoa se expresse como é, negar a identidade, a existência de uma pessoa é puramente anticonstitucional. Simples assim!

Viva a revolução não binária!

Beijos da Pri! ^^ 

6 comentários:

  1. Excelente texto!
    Reacionários não passarão! Nós somos a revolução!

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    Respostas
    1. Ihhaaaa
      Somos mesmo Tina, de verdade.
      Eu dou risada de alguns reacionários que acham que podem barrar a não-binariedade ou a linguagem neutra. kkkk Ai ai... Enfim.

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