sábado, 19 de dezembro de 2020

Família e amizade não se escolhe?

 


O ideal de familiaridade é datado de muito antes da criação da própria sociedade. Engels relata que a estrutura familiar existe desde tempos em que os seres humanos viviam em cavernas. Outros teóricos afirmam que os grupos hominídeos demoraram para criar esse conceito, mas quando o fizeram foi definitivo, pois antes dele, os indivíduos não tinham laços familiares, eram pertencentes ao grupo, todos cuidavam de todos, porém, após a definição de pequenos núcleos dentro do grupo, os indivíduos passaram a se perceber como progenitores e proles, e então estabeleceu-se esse núcleo que hoje chamamos de família.

Muitos estudiosos das áreas da arqueologia, sociologia e biologia, publicaram diversos artigos tentando explicar como se dão as relações familiares e afetivas entre humanos e também entre animais, e a maioria deles mostra que os entes familiares que compões um núcleo, podem ter a mesma origem genética ou não.

A estrutura familiar mudou muito no decorrer de nossa história, mas algo que sempre sobreviveu imutável foi a sua função. A família existe para proteger os indivíduos pertencentes a ela e preservar seus costumes, seus genes, seus valores e suas crenças. O mesmo é observado entre animais, obviamente não temos acesso às crenças dos animais, mas isso é outra história. Por que estou citando animais? Ora, muitas pessoas adotam familiares não humanos, e é muito válido isso. E vale lembrar, que somos animais.

O fato é, que independente da época pessoas que não compartilham a consanguinidade de um grupo, podem fazer parte dele por opção do grupo ou de seus líderes. Animais também acolhem indivíduos de outras origens genéticas, inclusive de outras espécies.

Bem, então quer dizer que a família pode escolher você, mas e você, pode escolher a família também?

Sim. Atualmente o conceito de família está alinhado, ou deveria estar, ao ideal de preparação do indivíduo para conviver em sociedade. A família deve proporcionar uma educação base para os indivíduos, apoiá-los em suas decisões e fazê-los sentir-se confortáveis dentro do núcleo familiar, afinal, família é sinônimo de proteção.

 Bem, e quando a família se torna tóxica para um indivíduo? Simples, é hora de deixá-la. 

Eu sempre digo, que antes de tomarmos qualquer decisão é necessária uma reflexão profunda a respeito de nossa situação financeira, emocional e possibilidades de sobrevivência, proteção e dignidade.

O mundo atual é bastante intolerante e nós não nascemos para viver em desconforto, para tornar o que é desconfortável, normal. Ao contrário, nascemos para viver obtendo prazeres, obviamente respeitando as outras pessoas.

Quando nós pensamos em família, vem em nossa mente a imagem de um grupo unido e feliz, no entanto, nem sempre é assim. E nós não devemos aceitar relações abusivas, regras limitantes, humilhações, perseguições e opressões, só para se manter em um núcleo familiar. 

Como dito acima, se as famílias podem ser compostas de indivíduos de distintas origens genéticas, então você pode escolher os seus familiares. Família é quem te apoia, quem te ajuda a evoluir, quem te faz feliz e fica feliz por suas conquistas, é quem te permite ser quem é, se não for assim, não tem um real propósito familiar.

Nós podemos escolher nossos familiares através da nossa rede de contatos, devemos esquecer aquele ditado antigo e ridículo de que família e amigos não se escolhe; escolhe sim. Quando existe uma relação mútua que proporciona felicidade para ambos os lados, bem, tem-se aí um laço familiar. Nós não precisamos nos ater a laços familiares genéticos e suportar tratamentos ridículos, opressão e submissão. Nós não precisamos e nem devemos sentir culpa, quando abandonamos pessoas tóxicas, afinal, se não te faz bem tem que ser descartada sim. 

A mesma coisa com amizade. Nossas amizades precisam ser agradáveis, se não forem, a opção de continuar com elas é nossa. Não sinta culpa em se afastar de amizades toscas que te pões para baixo, que te ancoram, que nunca te apoiam, mas que sempre te usam de muleta. Toda e qualquer relação precisa ser reciprocamente prazerosa, nunca menos. 

No decorrer da vida nós conhecemos diversos familiares e amizades, mas não precisamos manter todes ao nosso redor, somente aquelus que nos trazem reciprocidade.

Nossa, mas falando assim Pricila, parece que devemos nos tornar amargues e intoleranties. 

Não. É exatamente o oposto. Você deve ser tolerante e dócil, mas só com quem é com você também. Nenhum ser humano suporta uma relação unilateral. Algumes mentem para si e vivem uma vida medíocre por anos e até décadas, mas esse é um preço que você está disposte a pagar? Eu não.

Eu sei que é duro ler isso, mas se suas amizades e seus familiares não te fazem bem, é porque não te amam. Simples. Não existe isso de "Eu só machuco quem eu amo", isso é ridículo. Amar é entender que todes somos livres, é não se invejar da evolução dê outre, é apoiar ê outre, e infelizmente, se isso não acontece, dificilmente mude com o tempo, dificilmente mesmo.

Minha família está espalhada pelo mundo, assim como minhas amizades. E eu não sinto remorso ou culpa nenhuma por ter excluído da minha vida pessoas que nunca me trataram com reciprocidade.

Eu sei que esse texto, nessa época, pode ser doloroso para algumas pessoas que vivem em situação de cárcere familiar, mas pense que pode ser uma luz para você. Você precisa mesmo manter relações tóxicas? Por que essas relações lhe são realmente necessárias? Essas relações te farão falta? Há pessoas que te amam e não pertencem ao seu núcleo familiar genético? Se sim, expresse para elas o quão importe são para você, faça com que entendam que elas são parte de sua família e as faça sentir-se assim. Construa uma família global, uma rede de amizades mundial, mantenha relações boas e exclua o que não lhe faz bem. Afinal, ninguém prospera em desagrado.


Beijos da Pri!!! ^^

 





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