sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

Hormonização, o que pouques contam

 



Olá minhes querides amigues, tudo bem com vocês?
Faz um tempão que estou devendo esse texto, e resolvi postar hoje, nesse dia de chuva escabrosa rsrsrs.
Adianto a vocês todes que diferente de outros textos, esse não tem a intenção de formalidade nem de eufemismos e tão pouco de assumir um vocabulário rebuscado. Será só aquele papo de bar mesmo.

Bem, é muito comum ao visitar páginas que falam de hormonização, vermos pessoas apresentando o resultado de sua transição e apontando uma data de início, exemplo: "Dez meses depois."
Acho muito legal a comemoração. Aliás, ela tem que acontecer mesmo e tem que ser diária. Afinal, cada dia após o início da transição é uma nova conquista, uma vitória a ser celebrada.

Vemos nesses sites e páginas sempre as postagens de resultados, mas nunca de processos, o que pode passar para quem vê a postagem uma falsa noção de realidade, levando a pessoa a crer que hormonização é mágica. Não é. É uma baita jornada difícil, estressante, cheia de frustrações e extremamente longa, infinita eu diria.

Quando falamos de hormonização, temos de ser sinceres, pois, há pessoas que estão em dúvidas, buscam informações reais e que são muito sensíveis por diversos motivos, e quando lhe é passada essa falsa ideia de mágica, ela acaba criando expectativas que muitas vezes não são correspondidas, e isso gera muitos problemas, como: depressão, ansiedade, mutilações, repulsa de si, desistência de um processo vitalício por achar que não está fazendo certo e etc.

Bem, no meu caso, faço a hormonização mtf e decidi contar o que aconteceu comigo desde que iniciei com os hormônios, não pense que você vai achar aqui um rio de auto elogios, de felicidade pura e de resultados perfeitos, porque não vai. Vamos começar então.

Na primeira quinzena eu já percebi mudanças em mim, juro. Fiquei mais estressada, minhas reações à filmes, livros, postagens de facebook, seriados, letras de músicas, comentários no metrô e até na rua, eram completamente diferentes de antes. Coisas que eu simplesmente ignoraria ou relevaria com classe, passei a debater (às vezes até sozinha), passei a sentir impulsos incontroláveis como: atirar o livro que lia longe, porque o protagonista passou por uma situação ruim, sem perceber falava o que vinha à mente sem filtro nenhum, só depois de um tempo eu raciocinava e percebia o que havia feito. Enfim, reações imediatas e incontroláveis vieram desde a primeira quinzena. Tá, a gente sabe que os hormônios afetam nossas ações, e em mulheres cis eles possuem um período de elevação dessas reações, quando os hormônios estão à flor da pele, em nós trans, é complicado, não existe pausa nas doses de hormônios, então, estamos sempre com os hormônios à flor da pele. Esse é um ponto que ninguém gosta de tocar. Porque incomoda, é como se admitisse que ficamos descontroladas em algum espaço de tempo fosse ruim para nós, fosse imoral, feio... Bah! Feio é não viver sua realidade, saca? 

Bem, durante o primeiro mês senti muito cansaço, falta de memória, um sono incurável e fome desesperadora. Aos poucos essas sintomas foram diminuindo e quando percebi isso, notei que minha pele apresentava uma oleosidade beeeeeeeeem menor. Uhuuu ponto para mim! ^^ Claro, toda conquista é louvável. Mas sabe, nos períodos de cansaço, preguiça e sono, meu rendimento na escrita caiu muito, tanto que atrasei bastante um projeto no qual trabalhava na época. Gente, o pior mesmo eram os apagões na memória, tipo, abrir a geladeira e ficar olhando para dentro sem saber o que queria ali, depois lembrar que queria na verdade abrir o micro-ondas, saca? Teve um episódio bem tosco, mas que hoje eu lembro e dou risada solitária. Eu estava fazendo uma lasanha, tudo normal, de boa, aí coloquei a primeira camada de massa, fui colocando frios, molhos e tal, coloquei pra assar e quando olhei pro balcão vi todo o restante da massa lá, que esteve o tempo todo na minha cara. Ah, teve uns lances de mensagens também, saca? Eu mandava umas mensagens para algumes amigues e quando retornavam eu ficava em dúvida se tinha mandado mesmo. Bizarro, mas legal. Quer dizer, hoje é legal, no momento que aconteceu não foi legal.

Por volta de uns dois meses começaram as infinitas crises. Eu via um cão na rua, chorava. Via uma postagem de criança abandonada, violentada, morta etc, chorava. Via um filme mais meloso, chorava. Olhava no espelho, chorava. É incontrolável, eu chorava por nada, às vezes no banho começava chorar sem saber porquê. Esse período foi bem complicado, eu não conseguia controlar minhas emoções e reações. Pior, qualquer demonstração de carinho maior me deixava carente e querendo mais, foi bem tenso. Mas percebi a textura da pele melhorar, ficou bem menos áspera e descobri que havia perdido quatro quilos desde o início da hormonização. Gente, perder peso para muitas pessoas é desejável e muitas pessoas podem dizer que eu deveria agradecer, no entanto, louvar a magreza como sendo ideal para todos os corpos é uma barbaridade sem tamanho, e outra, eu não posso emagrecer tanto, tenho muita dificuldade para ganhar peso e isso para mim é traumático, porque quando perco, preciso fazer o impossível para recuperar, só que minha rotina é um porre, não tenho disciplina alimentar e acabo me enterrando em comida pronta pedida por aplicativos, ou seja, uma completa retaliação à minha recuperação. Mas eu tenho controle sobre isso? Não. Meu corpo está emagrecendo sem meu controle (sim ainda está) e isso é difícil para mim. Claro, sou bem menos cobrada e menos julgada que uma pessoa gorda, mas isso é por fora, por dentro isso é uma m***da.

Lembro bem que aos três meses de hormonização tive uma consulta. Foi bem legal, sabe? A doutora elogiou minha pele, meus cabelos, disse que meu semblante estava mais vívido e que eu estava mais feliz, e ela falando isso me deixou muito mais feliz, num nível que outra pessoa não conseguiria. Reconheço hoje, e somente hoje, que ela estava certa. Eu estava vivendo uma fase muito boa mesmo, com exceção ao descontrole emocional e a perda de peso desenfreada. Durante esse período algumas coisas diminuíram e outras se intensificaram. Eu procurava a todo custo pensar antes de agir, devido a alguns episódios anteriores, no entanto, nem sempre conseguia. Quando me olhava no espelho e via minha fisionomia levemente mudada, me sentia realizada, não completamente, mas sentia a energia de uma conquista fluir por mim e desejar profundamente a próxima. Eu faço depilação a laser, então comecei ver meu rosto cada vez mais próximo do que sempre imaginei para mim, desde a adolescência. Nesse período também a libido diminuiu bastante. 
Tipo, cessaram as ereções noturnas, não era a todo momento que eu pensava em sexo, e não ficava excitada por qualquer coisa, mas assistindo Ammonite eu fiquei rsrsrs, e quando estava escrevendo o novo livro, nossa! várias vezes. Gente, não estou escrevendo hot não, é uma ficção com um grupo de motoqueiras, e algumas cenas são bem quentes, tanto que imaginá-las me deixava excitada e ao escrevê-las também. De resto, normal, só quando se tem um estímulo mesmo. Se você segue direitinho as dosagens receitadas, fica tudo bem.
Ah, mas interfere Pricila... Depende... Eu me sinto excitada sem ereção, e se você está acostumade a transar loucamente a todo momento, esquece não vai rolar, aí interfere mesmo, mas interfere na quantidade e não na qualidade, sexo não é feito só com genitais. Fica a dica! ^^

Durante o quarto mês percebi uma redistribuição de gorduras pelo corpo. Meu quadril afinou (não se iluda aqui tá, foram tipo uns quatro centímetros só), minhas coxas tomaram uma forma mais contornada, os pelos já não cresciam com tanta rapidez, eu passei a sentir muita sede e muito mais fome que antes e meu sono ficou desregulado. Depois de um tempo sem dormir direito, passei a ficar cada vez mais irritada, mais cansada, mais negligente com as tarefas domésticas, os barulhos dos vizinhos de cima pareciam uma rave todo dia, isso no caso de simples passos e risos um pouco mais elevados. Eu não conseguia prestar atenção num texto ou filme/série por muito tempo, ou seja, a ansiedade atacou fortemente. Eu me coçava o tempo todo, não sabia esperar nada, nada mesmo, uma página da internet abrindo era um martírio para mim. Gente, foi mais ou menos nesse período que algumas coisas bem desagradáveis aconteceram, muito desagradáveis mesmo. Se você tem gatilhos sobre transfobia, peço que pule esse restante de parágrafo e vá para o próximo.
Nesse período, duas pessoas as quais eu considerava muito, mas muito mesmo, me ofenderam de formas impensáveis. Uma dessas pessoas é um professor, preto, ativista do blm, culto, esquerdista e tal... Pra você ver que títulos e rótulos não valem nada mesmo. O cara me viu numa live da escola e arregalou os olhos como se tivesse visto uma dinamite com pavio curto aceso. Sim, era a primeira vez que ele me via após o início da hormonização, mas ele já sabia o que estava acontecendo, a gente conversava um pouco por mensagens e tal, sempre trocando informações sobre ativismos e ele me perguntando como era pra mim me descobrir e tal... Só que no momento em que ele viu a minha imagem, que estava muito diferente do que ele havia visto antes, ele se espantou. Até aí, ok, sem problemas, o choque é normal. Só que ele não falou comigo durante a reunião, e tudo o que eu perguntava para ele, respondia olhando para baixo e sem empolgação nenhuma. Achei que ele estava num mal dia, mas não. A foto dele nos contatos desapareceu. Ok. Entendi o recado e não corri atrás, se a pessoa não está pronta para encarar, deixa ela no canto dela, com o tempo dela, pensei dessa forma. Mas isso me machucou bastante, sabe? Eu gostava muito dele, era tipo um irmão mais velho politizado com quem você pode conversar. Era.
A outra pessoa é um escritor de ficção científica, tem uns livros lançados, tem uns canais, umas páginas e tal. O cara sempre foi bacana, mas tipo, bacana mesmo. Sabe aqueles hippies sem frescura que tu conversa sobre tudo, abraça na moral e tal? Era ele. Não que ele parecesse hippie, nem de longe. Deu-se o seguinte, passei um tempo afastada do face porque precisava me concentrar no projeto e com tudo o que eu estava passando, otimizar o tempo era crucial. Mas terminado o projeto, voltei ao face, no entanto, voltei como eu sou. Mudei foto, mudei nome, pronome e pronto. Gente, sem zoeira, o cara mudou da água pro vinho. Antes era tudo beleza, curtia tudo, comentava tudo e sem nenhum tipo de reação negativa, depois que ele percebeu que a nova mulher nos contatos dele era eu, todos os comentários dele passaram a ter um tom de crítica, de insinuação, de interferência na mensagem e etc. Eu estava achando normal, algumas coisas respondia, outras não e a vida fluía normalmente. Mas quando postei um texto sobre identidades de gênero, o cara se transformou. Começou a lançar vários comentários lgbtfóbicos e fazer questionamentos completamente ridículos, como por exemplo qual era minha "opção sexual", "o travesti", "bissexualidade pode ser opcional", "não binariedade é modinha de internet". Não sei se fico com ódio ou com extrema compaixão de uma pessoa dessas. Continuando... Cada vez que eu explicava um conceito, como: gênero, sexualidade, sexo, expressão de gênero, ele vinha com um comentário reacionário e tendencioso. Eu estava numa fase muito instável e sensível, sabe? E deu-se que numa outra postagem eu cansei das provocações dele e larguei ele falando sozinho. Tinha decidido sair do face de novo e fiquei por volta de uma semana distante, mas voltei, maldita hora, encontrei umas  transfobias dele no meu inbox, e isso me desmontou. Eu senti todo o peso da violência social recair sobre mim. Não somente por ser transfobia, isso a gente vê por aí, tem um monte de radfem que canta transfobias aos quatros ventos e nos machuca também, mas a gente não conhece a pessoa, então rebate ali o argumento, bloqueia e pronto, mas nesse caso foi pior porque era uma pessoa que eu considerava um amigo de verdade, daqueles que tu leva pra vida toda, sabe? Ele simplesmente me destruiu por dentro naquele momento, me senti tão mal que tive que voltar para a terapia. Mas enfim...

Lá nos meados do quinto mês eu percebi mudanças muito boas e esperadas, há muito tempo aliás. Minha pele ficou muito sedosa, meus cabelos começaram crescer um pouco, maaaaaaaaasssss... CELULITES! Aaaahhhh.... kkkkk Não, nada disso. Na verdade eu fiquei até feliz em vê-las ali no meu corpo. Inclusive mandei uma mensagem para uma amiga falando que havia percebido-as e que estava feliz com isso. Ela riu e disse que eu era a única mulher que ficava feliz com celulites. rsrs. Gente, a questão é... a celulite é inevitável para muitos corpos e ela é muito, mas muito associada mesmo ao corpo feminino, e eu em transição, tomando hormônios, sofrendo um milhão de reações, ver no meu corpo uma característica dessas foi satisfatório num nível que sou incapaz de descrever. Fiquei triste porque havia perdido mais três quilos e estava perdendo roupas também. Algumas coisas já citadas no parágrafo anterior voltaram e fiquei péssima. Eu realmente não conseguia entender de onde vinha tanto caos, ódio e indiferença pelo ser humano. 
Nesse período eu apaguei minha conta do instagram e me isolei do mundo, muitos dias eram como séculos, eu mal conseguia comer, dormir ou levantar da cama. Eu sabia que os hormônios estavam agindo, afinal, a gente fica mais sensível mesmo, fica sem tato para algumas coisas, inclusive para cuidar de nossa própria saúde física e mental. Reuni forças não sei de onde e me levantei, passei a ver vídeos de maquiagens e testar as técnicas, reparei que minhas unhas estavam mais fortes e crescendo rápido, os pelos cresciam ainda mais lentamente e minha fome de dragão evoluiu para fome de Tarrasque (uma criatura mítica do D&D).

Eu conseguia manter uma rotina de leituras e postagens no blog, mas ela foi diminuindo, porque eu tinha medo de encontrar a pessoa por aqui e ter um gatilho disparado. É tenso, porque essas pessoas não sabem o mal que fazem para outras pessoas, mal que muitas vezes é irreparável. Mas enfim... Tudo estava indo muito bem.
Teve uns dias que senti meus mamilos ardendo muito, e até um pouco doloridos. Confesso que fiquei muito, mas muito assustada mesmo. Ficava pegando neles o tempo todo, tentando avaliar se tinha algo errado, e a preocupação foi tamanha, que entrei em contato com minha médica e perguntei se era normal, ela riu e me parabenizou, disse que era muito normal, com aquele sotaque maravilhoso dela, só um detalhe ^^.
Não sei se não havia prestado atenção antes ou se eles resolveram crescer, mas comecei ganhar tecido mamário e tipo, não foi pouco. Tá, não foi muito, mas fiquei com a mesma quantidade que minha irmã cis tem, saca? 
Ah, mas é tenso, a gente nunca está feliz completamente. Percebi os seios maiores e me irritei com a voz e com as sobrancelhas, iniciei consultas com a fono e saí na saga em busca da sobrancelha perfeita. rsrsrsrs

O início do sexto mês foi marcado por uma mensagem incomoda. O cara transfóbico havia voltado, foi no instagram, na conta de outra pessoa e me acusou de roubo, de embolsar uma grana dele e não cumprir com o acordo. Nesse caso, o acordo era colocar o nome dele na lista de agradecimentos e uns personagens que ele criou dentro da minha antologia. Todes vocês sabem que a antologia foi lançada, algumes de vocês obtiveram o livro e viram que tem uma lista de pessoas nos agradecimentos, certo? Pois bem, ele está lá. Gente, na boa, nesse período eu estava com os nervos à flor da pele, as escolas tinham voltado a funcionar, mesmo que sem alunes, mas nós tínhamos que nos locomover até lá, nos expondo ao risco de contágio, sabe? Além disso, minha dose de hormônios havia aumentado há alguns meses, tudo o que era incontrolável antes, ficou ainda mais intenso. Eu chorava na escola do nada só de lembrar da mensagem que um amigo dele me mandou com o print da acusação. Eu mal conseguia concluir um raciocínio na hora de escrever, atrasei um monte de coisas que tinha pra fazer. Deixei de participar de vários projetos na editora porque não tinha condições psicológicas para lidar com isso. 
Mas tudo tem seu lado bom... Se por um lado meu controle emocional estava afetado, sem que eu pudesse sequer premeditar minhas ações, por outro, meu corpo estava uma beleza.

Eu fui elogiada por praticamente todas as amigas do trabalho. Cada uma dizia algo diferente, mas sempre relacionado às mudanças que haviam ocorrido. Não é para me gabar, de forma alguma, mas fui confundida com uma mulher cis por mais de vezes, tipo, claro, a pessoa vinha com aquele porcaria de frase transfóbica "nossa pensei que era mulher biológica" (mulher biológica? Eu só tenho conhecimento de mulheres biológicas, ou existem mulheres que não são biológicas? Enfim..) E até o psicólogo me perguntou mais de uma vez se eu era trans, e disse que quando me viu ficou pensando, já que ele aguardava uma mulher trans e não via nenhuma pessoa marcadamente em transição ali. Tá, por que eu disse isso? Eu sei muito bem que a passabilidade é uma ideia horrível, construída pela sociedade transfóbica, no entanto, você estando num momento frágil e delicado, ouvir que você está por fora igual a quem é por dentro é simplesmente orgástico. Isso não quer dizer que o objetivo da transição seja a passabilidade, não, não é e não deve ser associada à isso. Porém, é inegável que vivendo numa sociedade violenta e classificatória, a passabilidade seja um fator de regulação emocional e de segurança.

Cada dia que passava eu me sentia mais eu, sabe? Ousava cada vez mais. Maquiagens diferentes, roupas "mais femininas", brincos maiores, tênis mais chamativos (sim, sou muito expressiva) e etc. 
   
Depois do sexto mês as mudanças deram uma estabilizada, a única coisa que sinto mudar constantemente é a textura da pele e a lerdeza com que os pelos crescem, ah e os pés ficaram bem macios também. Depois de uma sessão homérica, épica de terapia, recobrei minha autoestima e simplesmente larguei tudo o que me incomodava para trás. Sabe, pedi para a diretora que deixasse eu fazer uma reunião com todas as meninas para poder conversarmos sobre diversidades. Foi simplesmente maravilhoso. Gente, minha timidez frente às minhas amigas simplesmente desapareceu, eu me vejo idêntica a elas hoje em dia, e nessa roda de conversa, falei sobre lgbtqiap+, BLM, indígenas, Pessoas com deficiência e alguns termos linguísticos os quais não devemos mais usar, foi uma conversa mega agradável. Elas perguntaram muitas coisas e pela primeira vez na vida, me senti aberta para responder sem nenhum pingo de timidez, me senti com propriedade para falar ao invés de só escrever, entendem? Acho que ali foi o ápice, aquele momento eu considero um divisor de águas, pois, depois disso passei encarar o mundo de outra forma, não me importo mais com os olhares direcionados à mim nos transportes públicos, não me importo mais com carinhas feias e reações negativas, sabe, que se dane!, quero viver minha vida, ser feliz, viajar, dar atenção para as novas amizades e trabalhos que surgiram nesse meio tempo e obviamente dar aquelas paqueradas rsrrsrs ... sim sim, só depois da vacina. 

O texto foi longo, mas é isso. Compartilhei algumas situações com vocês, porque eu acho importante isso ser dito. Falar a verdade sobre o que acontece por dentro da transição e da hormonização é mais valioso que uma foto de antes e depois com a legenda "dez meses de hormonioterapia."

beijos da Pri! ^^  

22 comentários:

  1. Obrigada por compartilhar suas experiências, tenho aprendido bastante com vc. 😊😘

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  2. Amei o texto, há muitas verdades aqui. Parabéns.

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    1. Obrigada! ^^
      Então, é aquela né, essas são minhas experiências com os hormônios. Conheço pessoas que além desses, desenvolvem outros sintomas, alguns até bem engraçados.

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    1. Oi querido, você novamente por aqui, nos dando o ar da sua graça e dando aula de delicadeza e empatia?!

      De novo você está usando o fato de eu tomar hormônios para tentar me ofender? É sério isso? De novo?
      Não sei não, mas você tem uma fixação com esse animal equino, isso é no mínimo estranho.

      CD? Figurino? Você não acha mesmo que essas são colocações transfóbicas e equivocadas? Então tá! Inteligente você, né?

      Então, se o que mudou na nossa amizade, foi o fato de eu começar a postar assuntos LGBTQIAP+, isso é prova suficiente da sua LGBTfobia. ^^ Peixe morre pela boca! ^^
      Eu não inventei absolutamente nada de você.
      Não disse que você usou expressão alguma, você viu seu nome no texto? Novamente você se entregando, eu até tentei preservar sua imagem, mas você não colabora.
      Ah, e você usou a expressão "O TRAVESTI" sim, não disse que foi na postagem. Aulinha básica de humanidade pra você; Travesti é uma identidade feminina, sempre deve ser tratada no feminino. E travesti não é homem vestido de mulher não, viu? Dizer isso pode te render problemas.

      Não dá pra conscientizar quem quer ganhar num diálogo. E esse é você. Sua opinião sempre tem que prevalecer. Então, bem, não dá.

      Você está me perseguindo há meses. Essas mensagens que você manda de forma insistentemente, sabendo que sua presença aqui é incomoda, é perseguição.

      Realmente, você tentou, mas não me destruiu. Sou melhor que verborragias transfóbicas.

      Ah, mais uma coisa... Você não é bem-vindo aqui!

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    2. Sua frase: "Você era uma pessoa apresentável quando vestia a carapuça de homem, mas depois que adotou esse figurino CD virou um bicho que dói."

      Ual! Nada transfóbico, nadinha mesmo.

      E de novo, quando você atribui termos à mim que não fazem parte da minha vivência tentando diminuir minha existência e minha história, você exala sua transfobia.

      CD, não sei se você está se referindo ao disco de acrílico ou Crossdresser, mas se for o segundo, bem você precisa urgente de leituras e um chapeuzinho, porque a coisa está feia. Crossdresser é uma identidade performática, na qual a pessoa se veste com adereços femininos e se porta de modo estereotipadamente como mulher, mas não assume para si a identidade de uma mulher de fato. Não sei se você consegue entender, acho que não, mas vou explicar novamente, qualquer dúvida é só perguntar, tá? Eu sou uma pessoa não-binária bigênero (feminino e neutro), com expressão de gênero feminino. Isso quer dizer que minha identidade é feminina, e não performática.
      Entendeu? Acho que sim, você com certeza não é dessas pessoas que não absorvem informação, né?. ^^

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    3. Este comentário foi removido pelo autor.

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    4. Cara, pela última vez vou te explicar. Gay é um homem que sente atração sexual ou/e romântica por outro homem.
      Eu não sou homem, sou uma pessoa não-binérie bigênero com expressão de gênero feminina e me me relaciono sexual e romanticamente com mulheres.

      Não é a mesma coisa. Se você trata mulheres trans, travestis e NBs como homens, você está sendo transfóbico sim. Simples assim. Enquanto você não aceitar que é preconceituoso e transfóbico, você vai continuar cometendo esse erro e esse crime. A menos é claro, que essa seja sua real intenção.

      Beijos querido!

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  4. Caracas Pri, maior barra
    não tinha noção de que vcs passavam por tudo isso tem um monte de gente babaca mesmo, mas ae, descarta ta ligada? Segue em frente que vc é maravilhosa.

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  5. Ai meu amor, essa é nossa vida. Mulheres X Hormônios, uma luta épica.
    Você mencionou diversas situações pelas quais eu já passei também, é normal tábom?
    Sinto muito que tenha passado por tudo isso sozinha. Queria estar aí para te ajudar.
    Meu anjo, essas pessoas transfóbicos, racistas, preconceituosas em qualquer espectro, são pessoas vazias, frustradas com suas próprias vidas e existências, não dê atenção para elas não. Você é maravilhosa e tende a crescem mais a cada dia.
    Algumas pessoas são assim mesmo, preferem viver numa zona de conforto sem olhar para a beleza que é um ser humano em toda a sua complexibilidade. Somos pessoas evoluídas, só passe por cima e continue.

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    1. Ownt! Obrigada! Você é um anjo.
      Eu tô na boa já. Sabe, literalmente quero viver, as barreiras eu só desvio, sem problemas. Ignorar é sempre o melhor remédio. rsrsrs
      Beijos linda!

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    2. Fico feliz de não ser a única. kkkk
      E realmente é complicado, são batalhas épicas mesmo.

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  6. Eu tinha lido ontem a noite mas fiquei com preguiça de comentar.
    Pri, bem-vinda ao mundo das mulheres!
    É isso aí mesmo, hoje, amanhã e para sempre. A terapia vai te ajudar a se estabilizar emocionalmente e encontrar um meio termo entre suas ações, mas os hormônios vão agir para sempre.
    Fico feliz que você se sinta feliz com conquistas que para nós são tão pequenas, ou nem são conquistas, mas que para você são verdadeiras batalhas vencidas.
    Eu demoro demais para responder, mas estou aqui se precisar.
    Beijos, sua linda!

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    1. Obrigada!
      Sim, está tudo certo já. Furacões são passageiros. Depois que você aprende a evitar, sabe?
      hahaha não sei se você tentou me animar, mas me animou um pouco saber disso.
      Biejos!

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  7. O texto traz uma experiencia muito profunda e reveladora. É maravilhoso. Me fez refletir sobre muitos assuntos e comportamentos da sociedade brasileira.

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    1. Poxa, fico contente em ler isso.
      Obrigada, de coração. Essa é a intenção mesmo, fazer as pessoas refletirem.

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